Fases da transformação

A transformação dos centros educativos em Comunidades de Aprendizagem baseia-se nos procedimentos que contribuem para superar os problemas de fracasso escolar e de convivência em todo o mundo. O processo de transformação segue, entre outras, as seguintes fases:

1. Sensibilização

A fase de sensibilização consiste em divulgar as linhas básicas do projeto Comunidades de Aprendizagem, bem como as contribuições científicas das pesquisas que demonstram as atuações educativas que, comprovadamente, promovem o êxito escolar e a melhoria da convivência de todas as crianças em contextos plurais e diversos. As evidências são analisadas de forma conjunta com a reflexão e a análise dos novos desafios enfrentados pela sociedade e pelo centro educativo.

A formação tem duração de 30 horas e é intensiva. (Caso não seja possível realizar as 30 horas, é possível realizar 20 horas intensivas, além de 10 horas em que todos os professores da escola devem ler o livro “Aprendizagem dialógica na sociedade da informação”, o qual desenvolve as bases teóricas fundamentais das comunidades de aprendizagem. O ideal é que essa leitura seja feita e discutida entre o professorado antes da realização dos encontros, para que seja possível aproveitar esse debate também durante a sensibilização). Deve contar com a presença de todo o professorado e todos os membros da comunidade educativa (familiares ou outros profissionais) podem participar.

É fundamental que as pessoas que organizam e coordenam a sensibilização nas escolas tenham formação adequada, conheçam o projeto a fundo, tenham lido os fundamentos científicos e teóricos das Comunidades de Aprendizagem e se comprometam a explicá-los de forma clara. Para conhecer mais sobre algumas das organizações na América Latina que contam com pessoas que atendem aos requisitos para organizar a sensibilização, consulte nossa seção Rede.

2. Tomada de decisão

Após a sensibilização, a comunidade educativa decide iniciar o projeto com o compromisso de todos e todas. A decisão envolve uma discussão entre todas as pessoas da comunidade educativa sobre o que implica a transformação de sua escola em uma comunidade de aprendizagem. O acordo para transformar a escola em uma comunidade de aprendizagem deve contar com:

  • O professorado deve consensualmente concordar em realizar o projeto.
  • A equipe da direção deve concordar em realizar o projeto.
  • O projeto também deve ser aprovado pelo conselho escolar.
  • Os familiares devem, em sua maioria, aprovar a realização do projeto. A comunidade deve estar envolvida (organizações ou entidades de bairro, agentes sociais, associações, etc.).
  • É necessário o apoio secretaria de educação.
3. O sonho

Depois que a comunidade educativa toma a decisão de transformar sua escola em uma Comunidade de Aprendizagem, todos os agentes sociais (famílias, professorado, alunos, pessoal não docente, associações, entidades) sonham com essa escola ideal sob o lema “que a aprendizagem que queremos para nossos filhos e filhas esteja ao alcance de todas as crianças”. Assim, toda a comunidade pensa e concorda com o modelo de escola que deseja, de acordo com os princípios das Comunidades de Aprendizagem.

Esse processo se realiza de forma separada, e os sonhos são coletados de diferentes maneiras, por um lado, os alunos, por outro, as famílias, o professorado e os e as agentes sociais. Cada escola escolhe uma forma de representar os sonhos de toda a comunidade educativa. Há escolas que os representam por meio de um trem dos sonhos, montanhas, em uma grande floresta onde cada borboleta é um sonho, em uma árvore dos sonhos…

Depois de coletar os sonhos de cada um dos grupos, é realizado um procedimento para chegar a um acordo sobre o sonho comum, sobre o tipo de escola que queremos. Este processo é moldado por meio de um diálogo igualitário entre todas as pessoas que fazem parte da comunidade educativa. É importante ter sempre em mente que os sonhos fazem parte do processo de participação e de como as comunidades de aprendizagem podem ser desenvolvidas na escola. O caminho começa no próprio processo de participação que envolve sonhar juntos com a escola que queremos para todos e todas.

4. Seleção de prioridades

Nesta fase, são estabelecidas as prioridades do sonho, com base no conhecimento da realidade e nos meios disponíveis no presente momento. Algumas das prioridades mais significativas realizadas nas comunidades de aprendizagem são a biblioteca tutorada, as tertúlias dialógicas, os grupos interativos, a formação de familiares, o contrato de aprendizagem, a abertura da escola por mais horas e dias ou a prevenção de conflitos, entre outras.

Esta fase começa com uma busca de informações sobre a escola (sua história, visão, recursos, infraestrutura); o professorado (formação, relação com o entorno); o pessoal administrativo (potencialidades); os alunos (frequência, absenteísmo, resultados) e familiares (cultura, idioma, procedências). Em seguida, esses dados são analisados por meio do compartilhamento, comentários e debates sobre as informações obtidas, e essas informações são então compiladas em um documento básico, no qual também são introduzidos aqueles aspectos que precisam ser melhorados, transformados ou eliminados. Em seguida, são priorizadas as atuações que serão realizadas, primeiro a curto prazo, bem como as atuações a serem realizadas a médio e longo prazo. Em muitos casos, uma comissão conjunta é criada especificamente para realizar esse processo.

5. Planejamento

Uma vez selecionadas as prioridades, são formadas as comissões mistas de trabalho. A escola convoca uma assembleia em que a comissão anteriormente propõe o agrupamento das prioridades por temas e grupos de trabalho. O planejamento é necessário para se chegar a um acordo sobre como realizar os sonhos que foram priorizados na fase anterior. Nessa assembleia, onde participa toda a comunidade educativa, as decisões sobre o planejamento são acordadas e as diferentes comissões mistas de trabalho são formadas.

As comissões mistas são a forma de organização das Comunidades de Aprendizagem que garante a participação de todos por meio do diálogo igualitário, independentemente de sua posição na escola. São comissões específicas criadas para abordar uma temática concreta e responder às diferentes prioridades. Podem ser formadas por funcionários não docentes, alunos, professorado, familiares, representantes de associações locais etc.

A comissão gestora coordena e monitora as outras comissões mistas. Ela é formada por representantes da direção e representantes de cada uma das comissões mistas da escola. Também é, em geral, mista em relação ao perfil das pessoas participantes.

gráfico ilustrativo

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