O que é:
Os programas e conteúdos da formação familiar são decididos pelas próprias famílias e pela comunidade, de modo que o programa responda diretamente às suas necessidades e interesses, com base nos princípios da abordagem de aprendizagem dialógica. Há uma grande variedade de atividades diferentes que podem ser incluídas nos programas de formação familiar.
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Ouvimos com frequência que o êxito das e dos estudantes depende do nível de educação formal de seus pais. Os e as estudantes cujos pais têm diploma universitário têm maior probabilidade de frequentar a universidade e obter notas acadêmicas elevadas. É menor a probabilidade de que abandonem a escola. Entretanto, essas correlações estatísticas entre a formação educativa dos progenitores e os resultados acadêmicos dos/das filhos/as não estabelecem nenhum tipo de causalidade, nem são decisivas. Atualmente, sabe-se que a correlação entre a formação educativa dos pais e o desempenho educativo dos filhos pode ser desafiada e que todo progenitor, independentemente de sua formação educativa, pode aspirar a que seus filhos frequentem as melhores universidades do mundo. Uma das contribuições advindas do INCLUD-ED (2006-2011) é que os resultados acadêmicos das crianças não dependem tanto do nível acadêmico alcançado pelas famílias quanto do fato de que, quando as crianças estão na escola, as famílias também estão em formação.
Como é organizado:
Os programas e conteúdos da formação familiar são decididos pelas próprias famílias e pela comunidade, de modo que o programa responda diretamente às suas necessidades e interesses, com base nos princípios da abordagem de aprendizagem dialógica. Há uma grande variedade de atividades diferentes que podem ser incluídas nos programas de formação familiar.
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Os membros das famílias e a comunidade decidem quando participar da formação familiar, bem como o tipo de atividades realizadas e os horários. Os/as voluntários/as são responsáveis por desenvolver essas atividades de formação familiar em parceria com as equipes de gestão escolar ou com comissões mistas compostas por professores/as, familiares e outros membros da comunidade. A avaliação da atividade, inclusive a identificação das necessidades de apoio dos/das participantes e o estabelecimento de acordos de aprendizagem, baseia-se em processos de diálogo entre os e as voluntários/as e as pessoas participantes.
A implementação da formação de familiares não implica nenhum custo adicional para as escolas ou para os/as estudantes. À medida que a formação de familiares aproveita os recursos existentes da comunidade educativa, ou seja, os/as membros da comunidade e as próprias famílias, para aprimorar o aprendizado de todos os/as estudantes, trata-se de uma ação educativa sustentável.
Alguns exemplos de formação de familiares implementada nas escolas incluem:
Aulas de alfabetização e de idiomas para famílias migrantes. Essa atividade de formação de familiares nas escolas inclui aulas no idioma do país receptor das famílias migrantes. Essas aulas ajudam as mães, os pais e outros membros da família a aprimorar suas habilidades linguísticas. Melhora sua capacidade de comunicação, para além de sua própria comunidade, e de ter acesso a vários espaços sociais, serviços de saúde e trabalho. Também permite que participem do aprendizado de seus filhos e filhas na sala de aula e no contexto doméstico. Esses cursos são coordenados por voluntários, sempre em resposta às solicitações dos/das próprios/as participantes.
Tertúlias Literárias Dialógicas (TLD). As TLDs são uma atividade educativa e cultural em que pessoas que não têm antecedentes acadêmicos, inclusive pessoas que nunca leram um livro, leem e discutem a literatura clássica mundial. Os exemplos podem incluir Tolstoi, Shakespeare, Homero, Kafka, Sófocles, Cervantes, Zola e Orwell, entre outros. As TLDs desafiam a suposição de que famílias de baixo nível socioeconômico ou de minorias étnicas não se interessam por literatura clássica.
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