29/01/2019
Transformação de escolas Articulação AEE nas escolas
Re-Sensibilização mantém acesa a chama do projeto nas escolas
O início do ano é um bom momento para retomar os acordos e as bases de CA, acolher quem está chegando e voltar a sonhar
Início do ano é época de planejar. Nas Comunidades de Aprendizagem (CA) algumas escolas incluem em suas reuniões de planejamento a prática que chamamos de Re-Sensibilização: um momento para repactuar os acordos do ano anterior, integrar novos alunos, suas famílias e novos profissionais ao projeto, revisitar os Sonhos e voltar a sonhar. Estas ações ajudam escola e comunidade a definirem, em conjunto, os planos que guiarão o ano letivo.
A Sensibilização é a etapa do processo de Transformação em que gestores e professores, assim como estudantes e pessoas da comunidade, têm acesso às bases teóricas de CA. A Re-sensibilização segue a mesma linha, mas geralmente tem uma carga horária menor, uma vez que grande parte da comunidade escolar já conhece o projeto.
A pesquisadora do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa da Universidade Federal de São Carlos (NIASE/UFSCar), Roseli de Mello, considera os inícios de ano e de semestre como momentos-chave para esta retomada “porque tem uma parada formal no trabalho da escola e, de certa forma, todo mundo deu uma descansada e está se propondo a reprojetar o que vai fazer no próximo período”, explica. Mas não se trata de um calendário obrigatório. Algumas escolas realizam a Re-Sensibilização ao longo do ano, como parte dos períodos formativos, por exemplo.
Para a pesquisadora, que é especialista em CA, o importante é que a Re-Sensibilização seja feita periodicamente para reacender a chama do projeto e integrar os novos colegas num ambiente informativo e colaborativo. “Para se manter a escola como um espaço onde cada pessoa se reconheça como parte daquele lugar, a Re-Sensibilização é fundamental”, entende Roseli.
Quando integrada ao planejamento escolar, a Re-Sensibilização possibilita às escolas a condução de um processo mais democrático e participativo. O planejamento é conduzido pela gestão, mas na Re-Sensibilização ela não precisa fazer sozinha: pessoas certificadas, ou que conheçam as bases teóricas por meio do EAD, assim como pessoas que participam do projeto e que se conectam bem com a comunidade e com os profissionais da escola podem ajudar.
Durante este processo, os estudantes também são integrados como agentes educativos. Eles podem contribuir na recepção e apresentação das Atuações Educativas de Êxito (AEEs) aos alunos que estão chegando, por exemplo. “Os pares são os melhores agentes transformadores”, acredita Roseli, mas alerta que é preciso auxiliar bem os estudantes para que prevaleça o Diálogo Igualitário. “A boa liderança é a liderança que some, que dá espaço”, pondera a pesquisadora.
Voltar a sonhar neste momento inicial do ano letivo é revigorante, pois, como defende Roseli, “os sonhos nos projetam para frente”. Aproveitando este clima, as escolas podem se organizar internamente para informar e acolher pessoas da comunidade que queiram se engajar como voluntárias, além de reservar um momento específico para a equipe de educadores, onde possam trocar experiências e planejar um cronograma de formação para aprofundar os estudos em Comunidade de Aprendizagem.
Início de ano nas escolas de CA
Em São Carlos, a Emeb Arthur Natalino Deriggi inicia o ano com uma apresentação do projeto aos professores que estão chegando. "Revisitamos os aportes teóricos de CA, fazemos um balanço das Atuações Educativas de Êxito realizadas no ano anterior e elaboramos um novo cronograma que inclui a preparação para a Sensibilização de novos alunos e voluntários", explica Osmair da Silva, diretor da escola.
Voltada aos recém-chegados, "a Re-Sensibilização é uma possibilidade de apropriação por todas e todos da proposta de uma escola transformada em CA", pontua o diretor. Na Deriggi, o processo é coordenado pela gestão da EJA em parceria com pesquisadores do NIASE/UFSCar.
Durante o planejamento, que ocorre na última semana de janeiro, a equipe da escola se reúne para avaliar como a aplicação das AEEs funcionaram na prática e para refletir conjuntamente questões como a atuação de voluntárias/os. "O maior desafio é o de manter acesa a chama na equipe para continuar acreditando que uma nova escola é possível", resume Osmair.
Outra experiência de planejamento escolar que contempla as questões de Comunidade de Aprendizagem vem da Colômbia. Na região do Valle del Cauca, algumas escolas utilizam a Semana de Desenvolvimento Institucional para articular as AEEs de CA a parâmetros nacionais de educação definidos pelo Ministério. "Um dos objetivos é que se institucionalize o processo de CA na escola e não que o projeto fique apenas à mercê do esforço individual de professores ou professoras", afirma Naftaly Suárez Hormiga, formadora certificada do município de Florida.
Em outubro de 2018, a equipe de formadores locais organizou uma oficina para professores a fim de aprofundar esse diálogo entre o projeto e as diretrizes nacionais. "Na formação temos conseguido fazer com que os educadores identifiquem as relações entre as Tertúlias Literárias e os Parâmetros Básicos da Competência Comunicativa do Ministério da Educação", relata a formadora. Consulte aqui o material da formação (em espanhol).
Para Naftaly, o planejamento escolar é também um momento para rever o caminho percorrido, identificar desafios individuais e coletivos, e planejar estratégias articuladas. Uma dica que ela dá é que as resoluções deliberadas pela equipe se façam visíveis no espaço da escola: "assim podemos ir revisando, ajustando e acordando o que foi planejado coletivamente".
Que tal levar a Re-sensibilização para sua escola? Confira uma lista de materiais que podem ser úteis:
- Vídeo-animação de apresentação do projeto Comunidade de Aprendizagem
- Vídeo de apresentação de CA com experiências da Espanha e do Rio de Janeiro
- Apresentação de CA em ppt
- Folder Técnico com resumo do projeto
- Caderno de Formação de voluntários
- Base científica: versão resumida da pesquisa Includ-Ed