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Notícias

28/10/2020

Articulação

Webinário de CA debate os elos entre educação, comunidade e território

Bárbara Batista

Encontro contou com participação de Bel Santos Mayer, referência em Bibliotecas Comunitárias, educadora social e coordenadora do IBEAC

Webinário de CA debate os elos entre educação, comunidade e território

“Se por muitas vezes a ideia do muro da escola significou proteção para os que estão dentro e, de certo modo, uma separação entre o 'saber' e o 'não saber', o que projetos como o Comunidade de Aprendizagem têm feito é o que eu tentei fazer também na minha vida: substituir os muros, por cercas". Com esta fala, a educadora social, Bel Santos Mayer, abriu o 1º Webinário de Comunidade de Aprendizagem, realizado na última sexta-feira (23).

O encontro virtual organizado pelo Grupo Baobá em parceria com o Instituto Natura reuniu cerca de 300 pessoas - entre gestoras(es), educadoras(es) e técnicas(os) educacionais de diversas regiões do país - para conversar sobre o trabalho desenvolvido ao longo do ano e trazer inspiração para a continuidade das ações.

"Esse ano fomos surpreendidos positivamente pela expansão das práticas de Comunidade de Aprendizagem (CA), que puderam apoiar mais ainda o trabalho dos educadores nesse novo contexto da pandemia. Então decidimos organizar este encontro como um momento de compartilharmos nossos trabalhos, de nos apoiarmos e de fortalecermos nossa rede", afirma Priscila Collet, coordenadora do Grupo Baobá.

O webinário foi pensado também como um espaço de articulação entre a proposta de CA e outras iniciativas que partem do entendimento comum de que a educação capaz de criar sentido se dá necessariamente no diálogo com os territórios e as comunidades. "Comunidade de Aprendizagem não é apenas um projeto, mas um jeito de olhar pra Educação. É animador perceber como os princípios da Aprendizagem Dialógica transbordam os muros da escola, como podemos ouvir na fala da Bel", diz Priscila.

Bel Santos Mayer define seu trabalho de educadora social como este exercício constante de aproximar os saberes da escola e da comunidade na construção de um projeto educativo significativo. E como primeira pessoa na família e uma das primeiras na comunidade a chegar no espaço acadêmico, a educadora tomou para si o compromisso de estender este acesso para mais gente. 

Ela conta que, ainda jovem, teve sua primeira experiência de mobilização comunitária em prol da Educação. "Fui alfabetizadora de adultos dentro de uma comunidade e descobri que tinha um monte de crianças que não iam pra escola porque não alcançavam o escadão, não tinham um tamanho de perna que desse pra subir, e só havia escola na parte de cima do morro. O que a gente podia fazer? Esperar as crianças crescerem ou construir uma alternativa. Então mobilizamos a comunidade para diminuir a altura dos degraus", conta Bel.

A partir daí, a educadora percebeu que o caminho para pensar, redesenhar e construir uma proposta educativa que abrigasse a todos era juntar a escola, as famílias e as organizações sociais das quais fazia parte. "Com essa experiência eu aprendi a melhorar minha escuta, a escutar os silêncios e a me perguntar sobre as ausências: quem não está aqui e por que não está aqui? É como chegar num museu, olhar a narrativa, a história que está dentro daquele museu e perguntar: quais são as imagens e as memórias que faltam aqui? É olhar o acervo da biblioteca e o currículo da sala de aula e perguntar: quais são as vozes e as narrativas que estão faltando?" 

Foi com estas perguntas que Bel Santos construiu sua trajetória e se tornou referência na criação e gestão de bibliotecas comunitárias em regiões periféricas de São Paulo, como a Solano Trindade, em Cidade Tiradentes, e a Caminhos da Leitura, em Parelheiros. "A biblioteca é esse lugar em que nós alcançamos, através dos livros, as memórias, as histórias, os saberes. Como é que se pode negligenciar esse acesso a algumas comunidades?", questiona a educadora.

Após 20 anos de trabalho à frente do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), Bel diz ter quebrado o mito dos jovens desinteressados. "O Retrato da Literatura no Brasil diz que os brasileiros leem, em média, 3 livros incompletos por ano. Nossos jovens, em um ano e meio, leram 32 livros, entre clássicos e contemporâneos. O que precisamos fazer é encontrar os jeitos, encontrar as chaves para fazer chegar", acredita Bel.


Mesas temáticas

Durante o encontro, os participantes se dividiram em três mesas para conhecer o trabalho desenvolvido por Estados, municípios e escolas da rede de CA ao longo do ano e debater sobre o diálogo e a interação, a relação entre família e escola e as formações dialógicas no contexto de distanciamento social.

Na mesa "Diálogo e interação na pandemia: um recorte a partir das tertúlias virtuais", estiveram presentes o gestor escolar Allan Melky de Lima (Escola Professora Benedita de Moraes Guerra, de Macaparana - PE), que compartilhou a experiência de tertúlias virtuais desenvolvida com professores; as funcionárias Adriana Soares e Eliana Gomes (Escola Ester Catarine Lozano, de Cajamar - SP), que apresentaram as vivências em tertúlias literárias adotadas pela escola como estratégia de acolhimento e interação; e a estudante Lívia Thamara Souza Martins (Centro Educa Mais Professora Margarida Pires Leal, de São Luís - MA), que compartilhou sua experiência como aluna das tertúlias virtuais. A mesa teve mediação dos formadores da Baobá, Cláudia Cruz Soares e Ricardo Paim.

As gestoras Claudia Rocha (Escola Nilda Maria Carvalho, de Iraquara - BA) e Rita de Cássia (Centro Educa Mais Professora Margarida Pires Leal, de São Luís - MA), e a familiar e voluntária Antônia Dionísia Couto (Escola Nicolau Couto Ruiz, de Tremembé - SP) compartilharam as estratégias adotadas em cada contexto para manter escola e famílias próximas nesta situação de distanciamento social e aulas remotas. Elas compuseram a mesa "Relação escola-família: participação educativa da comunidade", mediada pelos formadores Lucas Botelho e Bruna Elage (Baobá).

Por fim, a mesa "Transformação: os percursos e impactos da formação" contou com a participação da professora Rosana Pinto Ferreira (EMEB Ester Catarine Lozano, de Cajamar - SP), que contou sobre seu processo pessoal de transformação a partir das formações em CA; da gestora Claudia Calió (EMEB Dona Bebé Camargo, de Mococa - SP) que compartilhou a experiência de transformação de sua escola; e da coordenadora da Baobá, Priscila Collet, que apresentou como o Grupo Baobá reorganizou as ações formativas virtuais do projeto a partir da escuta e do diálogo com parceiros da rede de Comunidade de Aprendizagem. A mesa teve mediação da formadora Joana Grembecki (Baobá).

"Nós procuramos trazer para as mesas a diversidade que são as comunidades escolares que participam ativamente do projeto e os temas que criaram as condições para que pudéssemos atravessar esse momento tão delicado e exigente da pandemia e do isolamento social, com outros olhos", diz Priscila Collet.

 

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