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Notícias

09/09/2014

Transformação de escolas

Relatos de uma escola em transformação

Relatos de uma escola em transformação

EE Salvador Moya está em fase de planejamento; equipe gestora destaca o aumento da participação dos alunos 

No último dia 2 de setembro, uma equipe do Instituto Natura realizou visita de acompanhamento à EE Salvador Moya, escola de São Paulo que iniciou sua transformação em Comunidade de Aprendizagem em fevereiro deste ano.

Ao cruzar o portão da escola, vê-se logo à esquerda o mural dos sonhos. Desde “Vagas para bicicletas” a “Que todos os alunos aprendam”, saltam aos olhos a simplicidade e profundidade dos sonhos da comunidade.

      

A diretora da escola, Luciana Vieira de Sousa, destaca que a fase de sonhos teve intensa participação dos alunos, que estão com altas expectativas para as próximas etapas. A escola encontra-se agora na fase de planejamento –a última das fases de transformação– e já implementa duas Atuações Educativas de Êxito: Grupos Interativos e Tertúlias Dialógicas.

A equipe do iN observou a realização de Grupos Interativos de matemática em uma sala de 9o ano, e depois reuniu-se com a diretora Luciana e o gestor escolar Manoel Felismino dos Santos para conversar sobre o andamento do projeto.

Grupos Interativos

A escola realiza Grupos Interativos semanalmente, em salas do 9o ano do Ensino Fundamental.

A observação dos grupos foi feita, segundo os gestores, em uma das turmas mais difíceis. Foi possível notar que, apesar da resistência e tendência à dispersão, os alunos se envolvem com as atividades propostas, interagem e são solidários. “É só assim que a gente consegue entender a matéria”, comentou um aluno. “Nem parece a mesma classe”, observou uma inspetora que passava pelo corredor. Entre os voluntários há pais de alunos, membros da comunidade e funcionários da escola, como o inspetor Eraldo Melo. “Eu gosto muito de participar dos Grupos Interativos; minha relação com os alunos fica muito mais próxima”, afirma Eraldo.

Entre os desafios identificados, está a divisão dos grupos da forma mais heterogênea possível, um dos princípios de organização desta Atuação Educativa de Êxito (AEE). Os gestores da escola contam que é difícil mesmo vencer a resistência dos alunos, que insistem em formar grupos com seus amigos. Mas ressaltam que a regra é enfatizada sempre com os professores e seguirão trabalhando para que ela seja incorporada ao cotidiano.

Tertúlias Dialógicas

As Tertúlias Dialógicas são realizadas no contraturno e fora do espaço escolar, três dias por semana, para alunos do 6o a 8o ano do Ensino Fundamental.

Com relação a esta AEE, a diretora Luciana admite sua descrença inicial. “Eu pensava, as crianças já quase não leem, quem dirá os clássicos”, conta. “Mas deu tão certo que agora eles pedem para ter tertúlia todos os dias.” Os alunos já leram “Romeu e Julieta” e “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”. “Nosso plano é trazer as tertúlias para a sala de aula ainda este ano”, completa Luciana.

Mobilização de voluntários

Durante a reunião, discutiu-se também a questão do voluntariado, aspecto essencial de uma Comunidade de Aprendizagem. Decidiu-se convocar uma reunião para apresentação do projeto a consultoras Natura que vivem e trabalham na região, a qual já foi realizada ontem, dia 8 de setembro, na própria escola.

A iniciativa contou com a participação de cinco consultoras Natura, que puderam conhecer a proposta, observar Grupos Interativos e conversar com os alunos e professores. Foram muito bem acolhidas pela escola, que se mostrou aberta e necessitada de parcerias e voluntários. Encantadas com a proposta, as consultoras manifestaram interesse em participar e se comprometeram a contribuir com a divulgação do projeto na região. 

Indícios da transformação

“Eu noto que a fisionomia das pessoas na escola é outra”, relata Manoel. “Temos casos de professores que estavam quase desistindo e voltaram a ter interesse. Da mesma forma, alunos que antes eram nitidamente omissos mudaram de atitude e passaram a participar.”

Os Grupos Interativos, segundo os gestores, têm dado resultados muito positivos. “A frequência dos alunos do 9o ano aumentou desde que começamos com os grupos. Agora, temos professores do 1o ano do Ensino Médio, de Português e Matemática, pedindo para fazê-los em suas salas”, observa Manoel.

Além disso, a escola está incorporando princípios da aprendizagem dialógica, como o diálogo igualitário, em sua gestão pedagógica. Um exemplo disto ocorreu durante a reunião de replanejamento escolar para o segundo semestre deste ano. Em proposta inspirada na dinâmica dos Grupos Interativos, os professores e membros da equipe pedagógica foram divididos em grupos, e a cada grupo foram apresentadas diferentes situações de conflito baseadas em fatos ocorridos no cotidiano da escola, sobre as quais deveriam refletir e propor soluções. “Através do diálogo, chegou-se a uma lista de possíveis soluções para cada conflito, e todas elas eram, por sua vez, soluções baseadas no diálogo. Foi descontraído e muito produtivo”, descreve Luciana.

Manoel destaca também situações ocorridas durante o mês de agosto, quando a escola recebeu um grupo de 8 voluntários estrangeiros, através de uma parceria com a AIESEC. Os estrangeiros –vindos de diversos países como China, Rússia, Peru, entre outros–, participaram também como voluntários nos Grupos Interativos. Durante as interações, dois alunos surpreenderam aos demais, e aos professores, com conhecimentos que ninguém imaginava que eles tivessem. Um aluno demonstrou falar muito bem inglês; outro revelou saber diversos fatos sobre a Rússia.

Outro episódio envolveu um grupo formado por alunos mais vulneráveis (com dificuldades de convivência, problemas de frequência e disciplina). Por razões diversas, este grupo de alunos não havia participado de nenhuma das atividades desenvolvidas pelos voluntários estrangeiros na escola. Quando a estadia destes já estava próxima do fim, o grupo veio até Manoel e pediu para participar de alguma forma. “Organizamos então um bate-papo entre estes alunos e os estrangeiros, mediado por um tradutor. Todos gostaram muito, surgiram vários temas de interesse comum”, descreve o gestor da escola.  

São exemplos claros de aumento de participação, engajamento e interesse dos alunos e da comunidade, que demonstram que a escola está no caminho da transformação. 

Texto e fotos por Maria Julia Bottai

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