29/06/2017
O trabalho de seis municípios com Grupos Interativos nas aulas de Matemática
Educadores do município mineiro de Serra do Salitre e dos paulistas Tremembé, Cajamar, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Estiva Gerbi e Potim este ano recebem do projeto Comunidade de Aprendizagem oficinas sobre práticas de Matemática nos Grupos Interativos. “Com essa iniciativa, a intenção é aperfeiçoar o uso muitas vezes já cotidiano dos Grupos Interativos nas aulas dessa disciplina e procurar colaborar com a melhoria dos índices de aprendizagem dos estudantes”, diz Fernanda Pinho, coordenadora do projeto, que relembra que o módulo do curso a distância sobre essa Atuação Educativa de Êxito está disponível gratuitamente no portal.
Conteúdo e forma
Cada módulo de formação é dividido em 3 oficinas, com 3 horas em cada, e tem como maior parte do público educadores dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, além de gestores escolares e técnicos das secretarias. As formações são ministradas pelas especialistas em Matemática Ana Zambon e Simone Azevedo para cerca de 27 participantes a cada encontro. Faz parte dos objetivos das oficinas explicitar o que são Grupos Interativos, de que forma incluí-los no planejamento, como aproveitar o livro didático e os recursos tecnológicos, como calculadoras, para o trabalho com os estudantes. Ana diz que um dos desafios é refinar o olhar do professor para a escolha de atividades que promovam de fato a interação, a reflexão e que sejam compatíveis com os conhecimentos dos estudantes. Propostas que possibilitem diversas estratégias são mais adequadas, já que no grupo os integrantes devem compartilhar suas escolhas e as formas de pensar. “Quando a turma está organizada em Grupos Interativos, não é momento de o educador apresentar um conteúdo novo ou introduzir um conceito, mas pensar em propostas desafiadoras e relacionadas ao assunto que está sendo trabalhado. E é importante lembrar que quanto mais heterogêneos os grupos de estudantes formados pelo professor, melhor!”
Encontrar voluntários para intermediar os Grupos Interativos é um desafio na maior parte das escolas, que conta com outros educadores das escolas e estudantes, além de familiares e demais pessoas da comunidade. Ana e Simone têm conversado nas oficinas sobre o papel que essas pessoas exercem, ressaltando que eles não precisam ter conhecimentos sobre o conteúdo abordado e nem devem fazer intervenções pedagógicas, e que precisam ser informados pela escola sobre a importância de garantirem as melhores interações (saiba mais sobre a participação do voluntário neste Guia).
Mudanças na prática
Mariane Mattos, professora de Matemática da EM Amália Patto, em Tremembé (SP), desde o início do ano faz Grupos Interativos com seus 9o anos e vê bons resultados de aprendizagem e interação. Mas depois das 9 horas de formação continuada sobre essa maneira de organizar as turmas, os avanços estão ainda mais significativos. Mariane conta que os estudantes já expõem suas opiniões mais facilmente do que antes e veem com tolerância as formas de pensar dos colegas, o que está influenciando na melhoria da convivência entre a turma. A educadora participou de 3 oficinas oferecidas pelo projeto Comunidade de Aprendizagem no município – e está animada aguardando os próximos momentos formativos. Em sua escola, a Coordenadora Pedagógica Simone Ferreira Moreira Lobato de Souza procura mobilizar os voluntários, utilizando até um grupo de whatsapp para mantê-los informados sobre os Grupos Interativos. “Como é uma comunicação rápida, facilita nosso contato com as famílias. Pedimos ajuda para a participação e quem pode já comparece na escola”, conta.
Em Serra do Salitre (MG), a secretária de Educação Mariney Fátima da Silva Ribeiro articulou as oficinas de Matemática com o programa de formação continuada da rede, presente como meta do Plano Municipal de Educação (PME). Os 72 professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental das seis escolas são presença garantida nas oficinas de CA. Cristina Alves de Souza Cardoso, técnica da secretaria de educação responsável pelo projeto na rede, conta que os Grupos Interativos chamam atenção dos professores por serem atividades práticas, que colaboram diretamente com o trabalho em sala de aula. “Muitas vezes, os educadores são resistentes para adotar uma outra proposta, mas quando experimentam os Grupos Interativos notam que os alunos ficam motivados para aprender, o que faz os professores quererem se aprofundar nessa prática durante as oficinas. O contato com os voluntários também possibilita outros aprendizados e aproxima agentes externos para dentro da sala, o que enriquece a aula”, conta.
Uma das educadoras da rede mineira que participa das oficinas é Cristiane Neves Guimarães Castro, que leciona para o 4o ano na EM Dalila Lopes da Silveira. Ela diz gostar de propor o trabalho em grupo para os estudantes, mas ao participar da formação ficou mais apropriada sobre as especificidades dos Grupos Interativos, como a presença dos voluntários e a rotatividade de atividades propostas. “Já participei do curso a distância no Portal e já aplicava os Grupos na sala, mas depois das oficinas passei a oferecer propostas mais desafiadoras e compreender melhor o papel dos voluntários”, explica a docente.
Próximos passos
Os desafios ainda existem, mas as formadoras e os participantes parecem confiantes: os educadores já escolhem atividades para os Grupos Interativos com mais facilidade, conseguem incluir a prática de forma harmônica com o planejamento, estão encorajadas a verem seus estudantes conversando e trocando ideias, e felizes em abrir a porta da sala para os voluntários da comunidade. Suely Aparecida Ribeiro, professora do 1o ano na Senador Lúcio Bittencourt, em Serra do Salitre, está animada com o impacto das oficinas na sua prática: “Aponto como pontos positivos do contato com os Grupos Interativos na escola uma maior motivação, interação, socialização, respeito e ajuda mútua, além de ter sido um processo de aprendizagem divertido. É uma estratégia que vou continuar fazendo porque gostei muito”.
Por Beatriz Santomauro