02/07/2015
Emoção e aprendizagem marcaram o V Encontro Internacional de Comunidade de Aprendizagem
Oficinas com formadores, palestras apresentando estudos internacionais, crianças contando o impacto do projeto em suas vidas, troca de experiências entre profissionais de cinco estados, retrospectiva do projeto Comunidade de Aprendizagem e uma contação de histórias para finalizar as 12 horas de encontro. O evento ocorreu na capital paulista dia 26, tendo parceiros como convidados, e continuou dia 27 de junho (na sede da Natura, em Cajamar, na Grande São Paulo), para troca de experiências entre escolas e redes. Estiveram presentes de 264 pessoas. Fernanda Pinho, formadora do projeto, lembrou emocionada os avanços do projeto: "Ano passado, na quarta edição do encontro, o projeto Comunidade de Aprendizagem estava presente em 5 escolas. Hoje, está em mais de 300!". Veja os destaques abaixo e faça seus comentários contribuindo com mais informações sobre o que viu:
Representantes do projeto, de norte a sua, juntos no evento
Diretores de escolas, professores, membros das secretarias de educação, alunos e até voluntários prestigiaram o encontro e tornaram as discussões mais ricas. Eles apresentaram painéis com informações sobre sua atuação e tiraram dúvidas dos participantes. Saiba quais cidades estiveram presentes:
- São Paulo: municípios de Tremembé, São Bernardo do Campo, Cajamar, São José do Rio Preto, Mogi Mirim, Ourinhos, Itapevi, Mairiporã, Leme, São Carlos e capital.
- Ceará: Horizonte e Fortaleza.
- Pará: Benevides e Belém.
- Bahia: Uruçuca e Itabuna.
- Rio de Janeiro: capital.
Experiências de Tremembé (SP), Horizonte (CE) e dos alunos de São Paulo
Cristiana Berthoud, Secretária Municipal de Educação de Tremembé (SP) e Dione Soares Félix, Secretária Municipal de Educação de Horizonte (CE) contaram a experiência de suas redes no envolvimento do projeto Comunidade de Aprendizagem. E os alunos da Escola Estadual Salvador Moya (SP) emocionaram os ouvintes com seus depoimentos sobre melhoria da aprendizagem, vontade de ler para acompanhar as tertúlias e até sobre a oportunidade de saberem que “existe um mundo bom e um ruim, e que querem para eles o mundo bom”, segundo Deivid de Moura.
Pesquisadoras espanholas apresentaram duas pesquisas: sobre diversidade das interações e sobre resolução de conflitos
Rocio Garcia Carrión, do Centro Especial de Investigación em Teorias y Práticas Superadoras de la Desigualdad - Universidade de Barcelona, discorreu sobre o tema “A diversidade das interações nas escolas como comunidade de aprendizagem”.
Partindo da questão: “quais interações promovem os máximos níveis de desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos alunos?”, Rocio explicou que as Tertúlias Dialógicas Literárias garantem um tempo de fala dos alunos muito grande em relação a outras situações de sala de aula, e que a qualidade do que dizem é muito alta. “Não queremos que as crianças falem sobre qualquer coisa. Precisamos de um contexto para dialogar e queremos discussões ricas, que discorram sobre valores, que as crianças desenvolvam argumentos”, diz a pesquisadora. Os depoimentos de crianças apresentados por ela indicam que as tertúlias fazem com que eles tenham vontade de estudar, comentar e complementar a ideia do amigo.
O título da palestra de Maria Padrós, da Universidade de Barcelona, foi: “O modelo dialógico de resolução de conflitos e as relações de gênero dentro da escola”
Maria iniciou sua fala com algumas afirmações importantes: “Todos os meninos e meninas têm direito a uma educação segura e livre de violência. Todos merecem a oportunidade de aprender na escola e aprender a viver sem violência, de modo saudável”. Segundo ela, não é normal nem aceitável agir com violência, e sim, com respeito. A escola não pode permitir isso: precisa atuar e não se calar, e esse esforço inclui ajudar as crianças a falar sobre qualquer manifestação de violência, a se defender, a pedir ajuda, a informar sobre maus tratos. “O mais efetivo contra a violência é a amizade. É quando um cuida do outro”, diz.
Conheça as discussões das seis oficinas programadas:
O que é uma escola como Comunidade de Aprendizagem?
Com Carolina Briso, gerente de Comunidade de Aprendizagem
A intenção foi mostrar como esse novo projeto de escola se traduz em práticas que acontecem a partir da participação dos diferentes atores e melhoram os resultados de aprendizagem de todos os alunos e a convivência.
Na oficina, os sonhos do grupo foram registrados em post its e os participantes se envolveram contando seus depoimentos ou tirando dúvidas.
Leitura Dialógica: uma nova forma de compreender a leitura e as rodas de conversa na escola
Com Madalena Monteiro, formadora de Comunidade de Aprendizagem
A questão inicial foi: Por que é importante criar na escola situações de leitura de textos literários e de conversa entre alunos? Em pequenos grupos, os profissionais presentes discutiram sobre:
- qual a diferença entre as tertúlias e das outras aulas?
- qual o papel do moderador, como se espera que ele se comporte?
- quem pode participar das tertúlias?
- o que os alunos aprendem?
Como incluir os grupos interativos na rotina?
Com Renata Grinfeld, formadora de Comunidade de Aprendizagem
Nessa oficina, os participantes puderam esclarecer dúvidas e qualificar a implementação de forma que garanta a sistematização de conteúdos já aprendidos e a busca a equidade. Eles analisaram a rotina de uma turma de primeiro ano para pensar: em quais momentos pode ser feita a organização em grupos interativos?
Diferentes tipos de participação da comunidade e o papel do diretor na construção de uma nova escola
Com Rocio Garcia e Maria Padrós, da Universidade de Barcelona
Nessa oficina, foi apresentado o projeto INCLUD-ED, pesquisa que aconteceu em 15 países da Europa e identificou cinco tipos de participação dos familiares e da comunidade na escola: informativa, consultiva, decisiva, avaliativa e educativa.
Desafios da formação de professores para implementação de Comunidade de Aprendizagem
Com Fernanda Pinho e Joana Grembecki
Como planejar estratégias formativas que ajudem o professor a estabelecer relações entre as Atuações Educativas de Êxito e sua prática? Embora o projeto Comunidade de Aprendizagem tenha nascido na Europa, muito tem a contribuir com a realidade brasileira.
Princípios da Aprendizagem Dialógica
Com Roseli Rodrigues de Mello, do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa da Universidade Federal de São Carlos (NIASE/UFSCAR)
A Aprendizagem Dialógica se produz nas interações que aumentam o aprendizado instrumental, que favorecem a criação de sentido pessoal e social, que são guiadas por princípios de solidariedade e nas quais a igualdade e a diferença são valores compatíveis e mutuamente enriquecedores.
O vídeo sobre o encontro você assiste aqui.
Por Beatriz Santomauro